sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A unidade de extração e o mercado emergente

2. O mercado:

Atualmente a fibra de bananeira e seus derivados encontram um mercado consumidor em cerca de nove setores do mercado:
1. Moveleiro;
2. Têxtil;
3. Gráfico (produção de papel);
4. Industria de alimentos;
5. Construção civil (revestimento de parede, piso e teto; fabricação de componentes para vedação e isolamento em geral; fabricação de revestimentos, produção de compósitos de PVC rígido; fabricação de bancos e chão de vagões de metrô; fabricação de telhas);
6. Artesanato;
7. Calçados (forro de saltos);
8. Química (produção de despoluentes de rios carvão queimado do caule); e,
9. Automobilística

O impacto da utilização da fibra não é uniforme entre estes setores, sendo em alguns deles ainda bastante incipiente, como é o caso da produção de despoluentes de rios e da indústria automobilística. Em outros já encontra-se em estágios um pouco mais avançados como é o caso do setor moveleiro, de produção de papel artesanal, de construção civil e de artesanato, ainda que o maior mercado distribuidor destes produtos seja o de exportação.
O Brasil, em comparação a países da Europa e com os Estados Unidos, está ainda dando os primeiros passos em direção à consolidação de um mercado para a fibra de bananeira e seus produtos. Existem algumas iniciativas exitosas isoladas que tem atuado como carro-chefe no desenvolvimento de pesquisas de novas tecnologias sociais, como é o caso da ESALQ-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) e da Rede de Tecnologia Social - RTS (http://www.rts.org.br/) .
A RTS reúne, organiza, articula e integra um conjunto de instituições com o propósito de contribuir para a promoção do desenvolvimento sustentável mediante a difusão e a reaplicação em escala de Tecnologias Sociais. A RTS tem ainda como objetivos: estimular a adoção de Tecnologias Sociais como políticas públicas; facilitar a apropriação das Tecnologias Sociais por parte das comunidades; e, fomentar o desenvolvimento de novas Tecnologias Sociais, nos casos em que não existam, para reaplicação. Fonte:
A extração e comercialização da fibra de bananeira e de seus derivados pode ser definida como tecnologia social, na forma como é descrita pela RTS:

“Tecnologia Social compreende produtos, técnicas ou metodologias, reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que devem representar efetivas soluções de transformação social. É um conceito que remete para uma proposta inovadora de desenvolvimento, considerando a participação coletiva no processo de organização, desenvolvimento e implementação. Está baseado na disseminação de soluções para problemas voltados a demandas de alimentação, educação, energia, habitação, renda, recursos hídricos, saúde, meio ambiente, dentre outras. As tecnologias sociais podem aliar saber popular, organização social e conhecimento técnico-científico. Importa essencialmente que sejam efetivas e reaplicáveis, propiciando desenvolvimento social em escala”. http://www.rts.org.br/rts/a-rts/proposito

Insere-se também em outro conceito que constitui uma das pedras fundamentais das políticas de desenvolvimento sustentável que é o “consumo consciente” e que inclui o atendimento das necessidades de bens e serviços das atuais e futuras gerações de maneira sustentável econômica, social e ambientalmente, isto é, um consumo com consciência de seu impacto e voltado à sustentabilidade. Consumir consciente é uma maneira de contribuir de forma voluntária, cotidiana e solidária para continuidade da vida no planeta.
Fonte: http://www.akatu.net/consumo_consciente/oque

Desenvolvimento sustentável é uma dessas expressões que em virtude do uso indiscriminado acabou perdendo-se de sua essência no imaginário coletivo. O conceito começou a ser desenvolvido em 1971 e foi definido em 1987 pelo Relatório Brundtland, da Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas, como "aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atenderem às suas necessidades".
Fonte: http://www.wwf.org.br/informacoes/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/

Na Europa existem algumas iniciativas pioneiras de utilização da fibra de bananeira em setores onde há bem pouco tempo nem se poderia imaginar, como é o caso do Metrô de Medellín, que passou a utilizar a fibra da bananeira na confecção de componentes de vagões como o piso e os assentos, que sofrem muito desgaste devido ao uso. A substituição era feita sob altos custos, uma vez que as peças eram importadas e compradas dos fabricantes. Procurando alternativas que caminhassem rumo a uma produção local, o Metrô fez uma pesquisa com a Universidade Pontifícia Bolivariana e obteve um material para produzir os bancos e pisos com características técnicas adequadas para a utilização dentro dos vagões do metrô, utilizando como matéria prima a fibra da bananeira, usualmente desperdiçada. A utilização deste material gera economia em relação aos custos de reposição, quer pela substituição de importações, quer por utilizar um elemento que atualmente não é aproveitado. Adicionalmente, a tecnologia de novas matérias permitiu que as peças novas sejam mais leves que as originais, mantendo as especificações técnicas. Os vagões que utilizam as novas peças serão um pouco mais leves, o que significa que consumirão menos energia para o transporte de passageiros.
Fonte: http://www.dicyt.com/noticia/fibra-de-bananeira-para-renovar-o-metr

No Brasil, as pesquisas no setor de construção civil apontam para a utilização com eficácia e da fibra de bananeira na fabricação de PVC rígido. A utilização de fibras extraídas do pseudocaule da bananeira, tratadas manualmente em um processo simples desenvolvido na SOCIESC - Sociedade Educacional de Santa Catarina -, mostra-se como alternativa viável na forma de fibra de reforço para a produção de compósitos de PVC rígido, tendo mostrado aumento da resistência à tração, e aumento da resistência ao impacto, bem como redução no peso específico do compósito resultante, potencializando a obtenção de componentes com melhor desempenho mecânico e menor peso. Fonte: http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/html/470/47017104/47017104.html

Pesquisadores do Grupo de Construções Rurais e Ambiência, do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP de Pirassununga, desenvolveram uma tecnologia que proporciona a produção de telhas utilizando escória moída de alto forno e resíduos de fibras vegetais de sisal, eucalipto e bananeira. O projeto denominado Sistemas de Cobertura para Construções de Baixo Custo: uso de fibras vegetais e de outros resíduos agroindustriais já produziu cerca de 200 amostras que, há quase dois anos, vêm sendo submetidas a diversos ensaios para comprovação da eficiência do produto. O objetivo principal é oferecer um material compatível com a construção de baixo custo para a população de baixa renda.

As pesquisas para o desenvolvimento das novas telhas tiveram início em 1992 e contam com financiamento do Programa Habitare da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O projeto tem como colaboradores o Departamento de Construção Civil da Escola Politécnica, o Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz e pesquisadores da Escola de Engenharia da USP de São Carlos, responsáveis pelos testes de caracterização da matéria-prima, conforto térmico e durabilidade.
Fonte: http://www.usp.br/agen/rede496.htm#Fibras

Ainda no setor de construção civil, são pioneiros os esforços da ANAB-Brasil - Associação Nacional de Arquitetura Bioecologica. Fundada em dezembro de 2005, é uma associação multidisciplinar de profissionais que representa em nosso país a possibilidade de desenvolver projetos de Construção Sustentável, tendo como ponto de partida o know-how já adquirido e aprovado internacionalmente pela ANAB - Associazione Nazionale di Architettura Bioecologica, uma organização pioneira na Itália, com 18 anos de experiência em promover a Arquitetura Bioecológica.

A Arquitetura Bioecológica é o modelo mais moderno de Construção Civil, aplicado atualmente na Europa e nos demais países do primeiro mundo. Nos países desenvolvidos, governo e sociedade, cientes da inadiável necessidade de preservar os recursos naturais existentes e possibilitar o desenvolvimento neste novo século, vêm adotando nos últimos anos os conhecimentos da Arquitetura Bioecológica.
Fonte: http://www.anabbrasil.org/

Um dos produtos de maior êxito do setor de bioconstruções e construções sustentáveis é o Banana Plac, um painel laminado composto por fibras de bananeira e resina poliuretana biodegradável de origem vegetal. A produção das lâminas de fibra de bananeira que compõem o material utiliza apenas bananeira, água, soda de origem natural oriunda de cinzas vegetais, e corantes de base mineral, no caso dos materiais coloridos. O BananaPlac é produzido em parceria com artesãos do Vale do Ribeira (SP) e se mostra como uma nova fonte de renda para a população rural, agregando mais um ciclo produtivo em torno da bananicultura, recomendado para uso como revestimento de superfícies em geral, e disponibilizado no tom natural ou descolorido, além das cores vermelho , azul e verde.

Devido às características das fibras e da resina, o material é bastante flexível, possibilitando sua aplicação em superfícies curvas diversas (curvaturas unidirecionais). A superfície acabada é resistente à água/umidade, no entanto não se recomenda o uso em áreas externas com incidência excessiva de raios UV ou em áreas onde haja contato direto e em excesso com água. (http://www.fibradesign.net/pdf/portfolio_fibra.pdf)

No automobilismo, as inovações ficam por conta de pesquisas desenvolvidas por estudantes e apresentadas durante a Maratona Universitária da Eficiência, que é uma disputa entre os carros mais econômicos do Brasil. Em sua quinta edição, reuniu 29 carros desenvolvidos por estudantes de escolas de engenharia e design de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Em 2007, a Unicamp venceu a categoria gasolina com a incrível marca de 367 km/l em um modelo que utilizava fibra de bananeira na carenagem.
Fonte: http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?id=34539
Na indústria química, o carvão ativado obtido através da queima controlada com fluxo de nitrogênio da fibra do caule de bananeira foi empregado para adsorver corantes em soluções aquosas. Através dos vários testes realizados, pôde-se verificar uma boa eficiência do carvão ativado obtido a partir da fibra do caule de bananeira como material alternativo para adsorção de corantes em efluentes líquidos.
Fonte: http://www.abq.org.br/cbq/2007/trabalhos/4/4-372-250.htm

Também na indústria química, a preparação de compósitos biodegradáveis pode ser feita utilizando-se fibras vegetais (bananeira, bambú, cana de açúcar, celulose, sisal, curauá, etc.) como matéria-prima, o que se enquadra no conceito da Química Verde, cujos benefícios sócio-ambientais têm motivado o desenvolvimento sustentável em todo o mundo e, de modo particular, em economias emergentes ou “em desenvolvimento”, onde apresentam os seus melhores resultados.

A ênfase em empregar recursos renováveis, amplamente disponíveis localmente, consolida um projeto de grande sinergismo sócio-econômico, pois incentiva toda a cadeia produtiva dos insumos, beneficiando fortemente o produtor rural. A demanda por produtos desta natureza (compósitos biodegradáveis de baixa complexidade tecnológica) é inexorável e sua concepção se insere perfeitamente nos anseios do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel, já que privilegia a agricultura familiar com insumos de aplicação direta em comunidades e de aceitação facilitada no mercado como produto de Selo Verde.
Fonte: http://www.biodiesel.gov.br/docs/congressso2006/Co-Produtos/PreparoCompositos6.pdf

Um nicho de mercado para a fibra de bananeira que está em franca expansão, é o movimento das Sacolas Ecológicas, que nasceu em resposta para o problema do lixo produzido pelas sacolas de plástico que levam cerca de 500 anos para se decompor. As sacolas ecológicas são bolsas retornáveis e com boa capacidade volumétrica, usadas em substituição a sacos plásticos descartáveis ou de papelão. Só no Brasil são distribuídos 33 milhões de sacos plásticos por dia, e este número por si só é auto-explicativo acerca da importância do movimento das sacolas ecológicas.
Fonte: http://www.bagforlife.com.br/

Empresas que investem em projetos sócio-ambientais já mostram ascensão no mercado nacional e internacional. A Associação Brasileira dos Dirigentes de Vendas e Marketing levantou que de 3110 empresas brasileiras entrevistadas em 2007, 91% incluem a responsabilidade social em sua estratégia. Deste número 33% são empresas de grande porte, 56% de médio porte e 11% de pequeno porte.
Fonte: http://www.guiadecorar.com.br/posts/visualiza/750

No Brasil, já existem iniciativas exitosas e consolidadas como a Ecobusiness Show que:

“Tem o objetivo de reunir as lideranças dos principais players do mercado e centralizar as ações em Econegócios, promovendo integração, troca de informações e geração de conhecimento sobre os conceitos, práticas e realizações empresariais no campo da sustentabilidade em todas as esferas: social, ambiental e econômica”. (http://www.ecobusinessshow.com/)

Cerca de 74 empresas e organizações governamentais e não governamentais de diversos setores da economia, nacionais e internacionais, já estão inscritas para participar da Ecobusiness Show 2010, que reunirá algumas marcas bastante conhecidas e outras que estão emergindo no universo das iniciativas voltadas para a sustentabilidade do planeta: Axia, Clinton Climate Iniciative, COGEN – Associação da Indústria de Cogeração de Energia, Centro de Negócios e Informação de Campinas, Ecodesenvolvimento.org, Fundação Vanzolini, Green Building Council Brasil, Câmara de Negócio Suíço-brasileira, Card Express, Log Express, Ministério das Relações Exteriores, Escola de Belas Artes, Universidade Cruzeiro do Sul, Ministério de Minas e Energia, FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado, Faculdade Flamingo, Hotec – Faculdade de Tecnologia em Hotelaria, Gastronomia e Turismo de São Paulo, Lar Escola São Francisco – Unifesp, UNIABC – Universidade do Grande ABC, Centro Universitário Metropolitano de São Paulo, UNIP – Universidade Paulista, William J. Clinton Foundation, British Touring Car Championship, MES – Eventos para o futuro, ABAL – Associação Brasileira do Alumínio, ABEAÇO – Associação Brasileira de embalagem de aço, ABESCO – Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia, ABIMAQ - Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos, ABILUMI - Associação Brasileira de Importadores de Produtos de Iluminação, ABIT – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, Revista Biodiesel BR, Revista Biodiesel, Revista Casa & Construção, Revista Cidades do Brasil, Folha Metropolitana Virtual Paper, ABIVIDRO - Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro, ABRALATAS - Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade, ABVE - Associação Brasileira do Veículo Elétrico, APINE - Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica, CATALISA - Rede de Cooperação para Sustentabilidade, Revista Eco 2, Ecoflex Trading & Logística, Revista Empreendedor, Editora Globo, Jornal do Commercio, CBCS - Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, Instituto Papel Solidário, CERPCH - Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas, Climatempo, Instituto Ecoar para a Cidadania, Envolverde – Revista Digital de Meio Ambiente e Desenvolvimento, Revista Época, Revista Filantropia – Responsabilidade Social & Terceiro Setor, Metrô News Virtual Paper, Eletrabus – Tecnologia em Transporte com Tração Elétrica, FITec – Inovações Tecnológicas, Skati Open Air, Gaia Brasil – Eventos Culturais, ICLEI – Governos Locais para a Sustentabilidade, Geração Sustentável – A Revista do Desenvolvimento Sustentável Corporativo, Revista Green Business, Pequenas Empresas & Grandes Negócios, Instituto Idéias - Instituto para o Desenvolvimento da Economia, do Indivíduo, do Ambiente e da Sociedade, Instituto de Arquitetos do Brasil, Mais Atitude – Instituto Socioambiental, Leone – A Casa dos Equipamentos, Mais – Projetos Corporativos, TB Petroleum, TN Petróleo – Projetos Sociais, Versátil Magazine, ORGADEM – Organização de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios, SBS - Sociedade Brasileira de Silvicultura, Sinditextil São Paulo – Sindicato das Indústrias Têxtil, Sinduscon São Paulo – Sindicato da Construção Civil. Fonte: http://www.ecobusinessshow.com/

Alguns fatos do mercado mundial consolidam mudanças significativas. Por exemplo, as principais bolsas de valores do mundo, incluindo a BOVESPA, possuem índices diferenciados para os negócios sustentáveis e suas ações têm mostrado uma estabilidade maior do que as outras, mesmo, em tempos de crise. Os bancos de varejo disputam a posição do “mais sustentável”, afinal, esse valor significa ainda mais segurança no longo prazo.

Estas empresas tem sido mundialmente reconhecidas através do “Selo Verde”, que é um símbolo que se propõe a atestar determinada característica ambiental ou socioambiental a produtos e empresas, representando valiosas ferramentas para orientar o consumidor em suas escolhas. O primeiro selo criado foi o selo Anjo Azul, pelo governo alemão, em 1978. Cinco anos após sua adoção, uma pesquisa indicava que 57% dos entrevistados dava preferência a mercadorias certificadas por esse selo. No Brasil, o movimento de certificação teve início no começo da década de 90, com os alimentos orgânicos.

A ONU estima que a economia “verde” deverá contribuir, no mundo, com mais de 20 milhões de empregos até 2030. A expectativa é que essas estimativas cresçam ainda mais e que, com uma maior consciência, possamos romper com o atual processo de desenvolvimento a qualquer custo para alcançar o desenvolvimento sustentável.
Fonte: http://www.revistafatorbrasil.com.br/ver_noticia.php?not=59342

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